Em shadow of a doubt (mentiste-me!) não encontramos o suspense a que Hitchcock nos habituou. De facto, todo o filme se centraliza em torno da jovem Charlotte, à medida que ela desvenda o passado do seu tio Charlie, o tal que vai aparecendo como um «bonus pater familias» mas que acaba por ser desmascarado. É um filme mediano que, estranhamente, era o filme preferido de Alfred Hitchcock. Este género clássico tem todas as caracteristicas do film noir que aparece na década de 1940, ou seja, há toda uma associação ao policial cuja personagem principal está embebida de um cinismo desmesurado. O principal propósito nem é o suspense (pouco perceptivel, aliás). O sustento do próprio crime torna-se quase irreconhecível. A morte aparece mas os pormenores mórbidos ficam por decifrar.
Em época de crise financeira, torna-se importante rever clássicos que exprimiam antipatia e hipocrisia, logo atenuada pelo realizador, há ali um instinto de sobrevivência para toda aquele comportamento.
Na época logo se desculpava a atitude hipócrita, era o reflexo da Grande Depressão (1929), dizia-se. Há todo um enquadramento social e cultural que desculpabiliza este comportamento, por exemplo, manifesta-se no expressionismo alemão.
Como o cinema era belo...e se mantem actual!
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