quinta-feira, outubro 12, 2006

- Bem que eu não me enganei, raça de ladrões -

-A Mãe - Curta metragem, fabricada por João Cesar Monteiro

A Mãe de João César Monteiro

“…O Português precisa de tomar consciência de que é vário. Porque se ele percorrer os seus grandes homens, todos eles se apresentam como uma variedade enorme.”

Agostinho da Silva – Esboço do Português –

Filmado no Natal de 1978 nas terras “longínquas” de Trás-os-Montes, a curta metragem “A Mãe” de João César Monteiro é mais uma vez, a prova de como ser português é fazer muito com o muito que esta condição de seres periféricos à grande Europa e ao pequeno mundo nos pode trazer.
Não quero fazer nestas linhas nenhuma análise cinematográfica do filme, não o saberia. Contudo o que o filme nos traz, nos seus breves 27 minutos, vai muito para alem da imagem e da estética de uma qualquer produção cinematográfica. As personagens amadoras (com uma genuinidade ingénua), a imagem “recauchutada” , turva e os diálogos, assumidamente populares são o fundo deste filme. Fabricado como diria o autor, ao invés de produzido, é por si um acto de amor para com todo este imaginário popular.

- Bem que eu não me enganei, raça de ladrões.
- Cale-se mulher do Diabo
- Hei-de me calar, quando prenderem o baraço ao pescoço daquele moinante,
meu pobre filho a trabalhar como um burro todo o ano .

Um dialogo simples mas cheio de vontades que antecede um homicídio, o começo de uma viagem num imaginário de um Portugal passado, mas não muito distante, onde as virtudes e os defeitos fazem o dia a dia de uma vida simples, sem exuberâncias e sem intrigas. O acto é a acção, a necessidade é a vontade. João César Monteiro, erudito, mas popular, vário por sinal, faz desta curta-metragem mais um registo de mais uma das formas de ser português.

1 Comments:

Blogger Hugo said...

É sempre bom ver alguém recordar esse génio ignorado que é João César MOnteiro :-)

6:03 da tarde  

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