sábado, abril 15, 2006

Last Tango in Paris

INESQUECIVEL : Maria Schneider com Marlon Brando

Épico em extensão mas não tanto em dimensão este marco subtil e rico da sensualidade assinado por Bernardo Bertolucci consiste numa inquietante alusão à paixão carnal.
Na realidade, bem que podia ser um filme - retrato saudosista de
Serge Gainsbourg tais as nódoas de sangue obstinadas, gritos inarticulados e convulsões corporais.
Esta é uma magnífica parábola sobre a paixão em tom de «crazy love» sobre um Homem e uma Mulher que, num apartamento em Paris inventam o amor com carácter de urgência.
Os monólogos obscenos e escatológicos estão repletos de cortes e reflexos de espelhos que acabam por se traduzir em enquadramentos deslocados que multiplicam a desorientação do espectador
(apenas serenado aquando das valsas de saxofone da autoria de Gato Barbieri).
Esta «obra poderosa sobre a solidão sexual e afectiva» trata da estória de um homem de meia idade (Marlon Brando) assombrado pelo suicídio da sua mulher quando conhece uma parisiense de 20 anos(Maria Schneider) com quem partilha todo um ritmo de desafios carnais em decréscimo de sobriedade constante.
A cereja especial de Bertolucci está no brilhante golpe de casting que colocou Maria Schneider a contracenar com o excepcional Jean-Pierre Léaud em diálogos deliberadamente superficiais que contrastam com a relação central com Brando.
O progressivo desmantelamento de ilusões presente neste filme representa uma séria tentativa cinematográfica de desmoronar tabus tornando este argumento verdadeiramente transversal geração após geração.
Nem a ausência do explícito envolvimento entre as personagens minimiza a genialidade, o interesse e a curiosidade sobre a temática; um filme com poder suficiente para colocar o espectador em posição de subserviência intlectual transformando-o num aprendiz do ABC do Sexo...

*Esta obra prima encontra eco no magnifico «L'Amant» de Jean Jacques Annaud (1992) onde existe uma realidade para além de outra realidade, a do devir sexual...