sábado, fevereiro 11, 2006

Lars Von Trier...(o quarteto)



Um realizador de TOP sem o aval de Hollywood (onde não regista qualquer prémio) mas continua aclamado pela critica.
Lars Von Trier é hoje uma marca internacional do cinema e deve-o, em boa medida, ao génio, à caracterização das personagens, à qualidade da realização e ao argumento da esmagadora maioria dos seus filmes (excepções feitas a "Epidemia"(1987) e "Europa"(1991) - filmes que ficam uns furos abaixo dos restantes).
Para se gostar de Von Trier urge conhecer a realidade humana, ser fiel depositário de sentimentos, numa palavra: HUMANIDADE.
Desafio qualquer mente cinéfila a enumerar um realizador que tenha tido coragem de romper com as regras de cinema, de forma tão EXPRESSA como fez Lars Von Trier.
O manifesto DOGMA 95 (1995) é disso exemplo, foi assinado por Von Trier, Thomas Vinterberg (realizou "Dear Wendy"), entre outros cineastas, e veio "trazer ar fresco" ao cinema contemporâneo.
O "estilo subversivo" como lhe apelidou o júri do festival de Cannes encaixou como luva nas novas tendências que trouxe e que chamou de "voto de castidade", ou seja, um rompimento sério com locais de filmagem (apenas no exterior e sem utilização de acessórios ou cenografias), cãmera utilizada na mão (estilo grotesco e PARADIGMÁTICO de Von Trier) que permite uma noção incrivel dos actores sobre o momento em que estão a ser filmados - do próprio manifesto consta aliás que "O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar".
Von Trier faz lembrar a linguagem cinematográfica de Carl Theodor Dreyer autor do argumento de um dos seus melhores filmes "Medea"(1988) e cineasta dos universos catárticos, estranhos e permeados por algum tipo de transgressão, de uma leitura estranha.
Outras caracteristicas do género de realização saltam à vista : utilização de câmera em 35 mm e ausência do nome do director da lista de créditos finais (itens que constam do manifesto).
Em suma, este manifesto veio trazer uma Nouvelle Vague às tendências cinéfilas até então e isso para mim é que define aquilo que o manifesto auto-titulou de "ato de resgate" de todas as tendências praticadas no cinema.
Do seu curriculum constam nada mais nada menos que o curso na Escola de Cinema de Munique e na Escola de Artes Cinematográficas de Copenhague onde produziu diversas curtas metragens. Somado a isso, fez dezenas de trabalhos publicitários, mini-séries e videoclipes para o DR, canal televisivo da Dinamarca.
Mas o verdadeiro C.V. de Von Trier são os filmes que deixou e que me motivam a escrever sobre ele.
Nomeio os quatro melhores filmes de Lars Von Trier e explicarei o que me apaixona em cada um deles...


1 Comments:

Blogger Hugo said...

Eis uma resposta (possível) ao repto: WIM WENDERS.

Dois filmes dizem tudo: "Paris, Texas" e, acima de tudo, "Der Himmel über Berlin" (traduzido em vernáculo como "Asas do Desejo"). Já que estmos numa de cinema nórdico: Werner Herzog e os magníficos "Aguirre" e "Fitzcarraldo" são outro exemplo.

Mas o verdadeiro rompedor das "regras" (se é que as há) foi Jean-Luc Goddard. De certa forma, o rompimento que Von Trier faz, creio eu, será recondútivel à noção de autor e de política de autor que Truffaut propugnou nos anos 50. Eis o que afasta Von Trier (e outros) do sistema de Hollywood, um verdadeiro establishment (no sentido dado por Howard Fast), onde só quem se submete às regras dos estúdios terá aclamação popular. Rectius, terá uma aclamação popular mais facilitada.

Independência, criatividade e originalidade eis o leit motiv de qualquer grande realizador (onde incluo Von Trier, pese embora não ser grande apreciador da obra).

Cumprimentos cinéfilos

11:31 da manhã  

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