Taxi Driver (1976)
A experiência de visionar "Taxi Driver" é assistir ao poder magnético da 7ª arte, quanto a mim, o melhor filme de Scorsese porque consegue como nenhum outro retratar a génese e evolução da obsessão de um personagem - Travis Bickle.
A violência nocturna é tratada na cidade de Nova Iorque e deriva, em certa medida, da solidão e ainda, da revolta pessoal que enferma de um auto-aniquilamento progressivo por parte de um individuo assombrado pelo dilúvio social vigente.
No entanto, o génio de realização está na forma como é explicado o ambiente opressivo onde se desmistifica o mito "Night Behavior" e num ápice se alcança o ponto nevrálgico que conduz um cidadão diligente à delinquência, maxime anomia - «Eis um Homem que já não aguenta mais isto».
Nem todos os filmes transmitem uma mensagem tão perfeitamente convincente e essa é uma verdadeira dimensão poderosa desta obra prima que Scorsese concebeu.
O taxista atormentado e inconformado pelo insulto exprime com intensidade máxima o sentimento de decadência física e moral que o rodeiam, através de um desabafo que serve de pronúncio para o desenrolar da acção : «Um dia virá chuva a sério e limpará toda esta canalha das ruas».
Assim, este olhar cinéfilo sobre a malaise urbana e exclusão nunca foram demasiado sombrios, desabrigados e claustrofóbicos ao ponto de representarem certos elementos do género noir - a voicecover de Bickle, a banda sonora de Bernard Hermann e o inquietante jazz Nova Iorkino (não esquecendo o magnifico "Sentimental Mood" - John Coltrane) e o cenário de homicídio num dos raros momentos onde se vislumbra esperança e que nos afastam da sua mente perturbada.
Numa reviravolta irónica em que os fins justificam os meios, é a voz da periferia, de Doistoievsky, a vir à superfície com uma pistola e um desejo de morte, um anti-herói com uma abordagem «mãos à obra!».
Na fatal postura de Travis Bickle surge um elogio cuja linguagem assenta numa tónica marcadamente coloquial* (o vilão cometeu uma façanha?) e urge decidir se o seu triunfo inadvertido é ou não uma tragédia...
* «Um Homem que fez frente à canalha, às pegas, aos cães, à porcaria, à merda. Eis um homem que fez frente.»
A violência nocturna é tratada na cidade de Nova Iorque e deriva, em certa medida, da solidão e ainda, da revolta pessoal que enferma de um auto-aniquilamento progressivo por parte de um individuo assombrado pelo dilúvio social vigente.
No entanto, o génio de realização está na forma como é explicado o ambiente opressivo onde se desmistifica o mito "Night Behavior" e num ápice se alcança o ponto nevrálgico que conduz um cidadão diligente à delinquência, maxime anomia - «Eis um Homem que já não aguenta mais isto».
Nem todos os filmes transmitem uma mensagem tão perfeitamente convincente e essa é uma verdadeira dimensão poderosa desta obra prima que Scorsese concebeu.
O taxista atormentado e inconformado pelo insulto exprime com intensidade máxima o sentimento de decadência física e moral que o rodeiam, através de um desabafo que serve de pronúncio para o desenrolar da acção : «Um dia virá chuva a sério e limpará toda esta canalha das ruas».
Assim, este olhar cinéfilo sobre a malaise urbana e exclusão nunca foram demasiado sombrios, desabrigados e claustrofóbicos ao ponto de representarem certos elementos do género noir - a voicecover de Bickle, a banda sonora de Bernard Hermann e o inquietante jazz Nova Iorkino (não esquecendo o magnifico "Sentimental Mood" - John Coltrane) e o cenário de homicídio num dos raros momentos onde se vislumbra esperança e que nos afastam da sua mente perturbada.
Numa reviravolta irónica em que os fins justificam os meios, é a voz da periferia, de Doistoievsky, a vir à superfície com uma pistola e um desejo de morte, um anti-herói com uma abordagem «mãos à obra!».
Na fatal postura de Travis Bickle surge um elogio cuja linguagem assenta numa tónica marcadamente coloquial* (o vilão cometeu uma façanha?) e urge decidir se o seu triunfo inadvertido é ou não uma tragédia...
* «Um Homem que fez frente à canalha, às pegas, aos cães, à porcaria, à merda. Eis um homem que fez frente.»
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