Jorge Arrimar, poeta angolano que residiu na província chinesa de Macau organizou e traduziu em parceria com Yao Jingming um exemplar da Antologia de Poetas de Macau. O livro é bilíngüe, e reúne poemas que foram escritos originalmente em chinês, e depois traduzidos para o português, ou vice-versa, havendo também composições escritas no patoá de Macau, forma dialetal já quase extinta (“Teraço di chám di ladrilho / lugar pa sugá rópa”, para citar o poema Casarám antigo, de José Inocêncio dos Santos Ferreira). Vale a pena lembrar que, segundo Cheng Wai Ming, «a literatura de Macau está aberta a todas as línguas» e também, citando o prefácio desse precioso volume, escrito por Ana Paula Laborinho, «em Macau constrói-se uma expressão em que a voz persegue a utopia do múltiplo: várias línguas, várias culturas, vários tempos em busca da unidade do poema».
MEI CHIT LAI
Era lichia
toda ela
Branca
translúcida
trémula
estranha
cheirava a rosas passadas
Solvi-a num trago
e arrependi-me
Faltou-me o sentido da eternidade
e perdi-a,
num só gesto,
naquele instante.
Xian, 1989
(Poema de Carlos Marreiros)
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