terça-feira, abril 29, 2008

os olhos de Anna Karina...


Um dia vou acordar no Mundo da nouvelle vague francesa, inscrever-me na época da profunda mutação social e cultural, que era, em uníssono, em prol da novidade, mas também do novo romance, da nova música, da nova pintura - a democratização da cultura.
E se band a part enuncia o desenvolvimento da obra ficcional de Godard, colocando a traição como pano de fundo (tema recorrente nos filmes da década de 60), em a bout de soufle Patrícia executa majestosamente a morte de Michel e faz aquele movimento do polegar sobre os lábios. É que Jean-Luc (se preferirem) costuma dizer que «trair é amar» ou, em reciprocidade, «morrer é transmitir».
Mas ao contrário do que possa parecer, esta arte não é imoral, pelo contrário, o herói morre e a expressão “nojo” estampa-se-lhe no rosto. E a partir de uma única palavra, surge um programa estético que afirma a irredutabilidade de uma arte que apenas procura o politicamente correcto.
…e como se dizia na Cahiers du Cinema «Os Anos Karina foram, decididamente, os mais juvenis e ficcionais de Godard».

Nota: Naturalmente “a terra treme” com a bela escandinava de olhos azuis – acinzentados e andar cambaleante que Godard contratou. Ela é o mesmo que Ingrid Bergman representou para Rosselini: chama crua que consome a carne, o estereotipo de mulher amada na fogueira do cinema.