segunda-feira, abril 28, 2008

25 de Abril


25 de Abril de 2008

Hoje de novo a juventude portuguesa, foi rotulada de ignorante e desinteressada. Não há novidade ou espanto nestas afirmações é certo. A desconfiança e incerteza sobre as capacidades das gerações vindouras, são ancestrais e repetem-se.

Ao Sr. Presidente da Republica:

Sobre a ignorância:

Nunca uma geração esteve tão informada e consciente do mundo. Não há indiferença aos problemas que são globais. O mundo globalizado, que nos chega diariamente, traz-nos a noção que não estamos orgulhosamente sós. Somos por certo dos mais conscientes da Europa, no que diz respeito ao mundo alem fronteiras. Façamos então um estudo comparativo sobre o entendimento global do mundo aos jovens europeus e certamente não encontraremos nos portugueses os resultados costumeiros de fim de tabela.

Os jovens portugueses são hoje, alem de tudo, europeus. Façam-nos conseguir respeitar o que é ser português e certamente o faremos. Não temos ainda o poder, que está nas vossas mãos, não é a nossa geração que faz politica activa. A construção de credibilidade da utilidade da política, numa democracia, é um trabalho que não é da nossa geração, é o que falta para fechar todo o processo do 25 de Abril de 1974. Faça-nos urgentemente conseguir ser um pouco mais crentes e patriotas e certamente nos lembraremos do nome de todos os capitães de Abril com a facilidade que nos lembramos dos nossos melhores jogadores de Futebol.

Sobre o desinteresse da nossa geração:

Somos cidadãos activos, criamos e associamo-nos a movimentos sociais. O voluntariado em Portugal é uma actividade frequente e comum entre a nossa geração, muitos de nós o fazem. Jovens dedicam-se diariamente a causas sociais exteriores ao seu ego, com uma enorme noção de inter ajuda e utilidade social.

Temos noção da importância do pagamento atempado dos impostos, mesmo que a grande maioria dos jovens viva à custa de recibos verdes e em condições laborais verdadeiramente deploráveis.

Temos acesso a todo o tipo de cinema e literatura e acredite que fazemos grande utilidade dessa benesse. Não temos é certo a palavra subversão no nosso vocabulário quotidiano, não nos é necessária, mas acredite que pouco temos como garantido. A instabilidade tomou o lugar da insubordinação. Somos idealistas como todos os jovens por este mundo fora, se as nossas palavras não são ouvidas é porque não há ouvidos à altura delas.

Não somos de forma alguma uma geração conformada, como querem fazer querer, lutamos diariamente pela sobrevivência, num país que nos maltrata e achincalha.

"Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!

Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga".

(do Sermão de Santo António, Padre António Vieira)