Educação
Eis um tema que todos duma maneira ou de outra conhecem, discutem, avaliam. Ou porque se tem presente a sua própria educação e os benefícios ou prejuízos que a mesma constantemente origina, ou porque se sentem responsáveis pela de terceiros, ou ainda porque se é confrontado amiúde com a importância que à mesma é conferida pela sociedade em geral e pelos media em particular. Sobre ela reflectem e discursam associações, organizações cívicas, partidos políticos, governos… mas qual o conceito, concepção ou definição para a distinguir ou caracterizar? A circunstância de existirem variadíssimos sinónimos como ensino, saber, instrução, aculturação, socialização e tantos outros, só demonstra a sua complexidade e a facilidade de confusão a que se presta. Por outro lado a importância que lhe é conferida por todos os poderes, políticos ou não, só serve para nos acautelarmos relativamente ao valor que a mesma detém e encerra em si mesma bem como ao uso que lhe pode ser conferido.
Para a generalidade dos cidadãos o acto de educar pressupõe duas ideias centrais nem sempre ligadas: transmitir conhecimentos e informações, escolares ou não, ou dar a conhecer e inculcar valores e normas de comportamento e conduta na relação com outros, designadamente adultos. No primeiro caso a perspectiva é a do ensino propriamente dito, responsável pela existência duma máquina organizativa na posse de entidades cujo poder e sobrevivência depende da forma como gerem essa mesma máquina. No segundo caso a perspectiva é pertença de cidadãos individualmente considerados, grupos sociais e familiares, dependente de formas de estar que lentamente se alteram com o local e o decurso do tempo e dos tempos em que se vive. Em ambas as perspectivas, o confronto de cidadãos, corporações, empresários, profissionais organizados em escolas, sindicatos, universidades, partidos políticos e ministérios, governos, organizações internacionais, professores, pedagogias, movimentos pedagógicos ou profissionais, estratégias educativas… Em último lugar o sujeito passivo do acto de ensino e educação, a criança, o jovem, o aluno, o aculturado.
A educação e o processo educativo asseguram a sobrevivência do ser humano enquanto ser social, habilitam-no ao conhecimento dos meios e instrumentos de interacção com os outros, contribuem para a sua compreensão do mundo e ambiente que o envolve. A educação, no fundo, constitui-se como a herança num testamento, em que o testador, ainda em vida e reservando o usufruto para si, pretensamente preocupado com o destino daqueles a quem deixa o respectivo património, procura fundamentalmente assegurar-se do respeito pela sua memória e convicções, pela continuação da sua maneira de encarar a vida, a sua obra, os outros e o mundo. Os conhecimentos adquiridos e a experiência vivida por cada geração são quase sempre passados de modo mais ou menos fiel, condicionando e sendo condicionado pela vivência dos vindouros, armadilhando o destino e caminho dos que se sucedem no tempo. É por isso que se torna impossível dissociar a educação de outras disciplinas, de outras ciências, da moral, da religião, do poder político.
Foi Émile Durkheim (1858-1917) um dos pais da sociologia moderna, quem referiu que a educação consiste numa socialização metódica da nova geração pelas gerações adultas tendo por objectivo a realização dum certo ideal de homem. Em boa verdade e visto de forma simplista, esta é uma das definições possíveis. Há todo um património de saberes que carece de ser apreendido, preservado e mantido pelas gerações que se sucedem no tempo. A passagem desses saberes resulta duma necessidade também instintiva, igual à que ocorre noutros seres vivos. É todo um processo de aprendizagem ditado por razões de natureza instintiva, todavia adulterado em muitos casos, pela incorporação de interesses puramente egoístas de classe, interesses que em cada momento variam com a realidade sócio-cultural de cada país e de cada época. Não existe neutralidade ou independência, a educação e o ensino tem sempre subjacente uma intencionalidade, uma busca de transformação do outro em função dos valores e dos interesses de quem detém o poder de determinar a informação a transmitir. Terá de existir também e sempre planos distintos entre quem ensina e quem aprende, uma desigualdade na relação entre quem passa o testemunho e quem o recebe. A educação processa-se e tem-se processado de diferentes modos, de acordo com a época, a organização do grupo em que o indivíduo se insere, os instrumentos existentes para o efeito. As rupturas no modo de execução ou de processamento da informação que se pretende transmitir ocorrem ao ritmo das técnicas que vão surgindo ou sendo inventadas. Longe vão os tempos em que o costume e a tradição eram transmitidas somente por via oral, os conhecimentos adquiridos exclusivamente pelo contacto pessoal entre indivíduos da mesma família, dos poderosos do clã ou da tribo, dos chefes religiosos que formatavam o modo de pensar, os valores a conduta e o comportamento perante os mais velhos, a atitude e subserviência perante o Deus ou os deuses. O aparecimento da escrita, dos livros e dos códigos constituiu um salto na forma de educar e de dar testemunho dos valores, comportamentos e património a preservar. A complexidade da organização da sociedade, a divisão dos saberes, o aparecimento das ciências, dividiu e fragilizou de alguma maneira o ser humano que não foi capaz ou não teve oportunidade de receber a informação necessária à compreensão do mundo envolvente em constante mudança.
Para a generalidade dos cidadãos o acto de educar pressupõe duas ideias centrais nem sempre ligadas: transmitir conhecimentos e informações, escolares ou não, ou dar a conhecer e inculcar valores e normas de comportamento e conduta na relação com outros, designadamente adultos. No primeiro caso a perspectiva é a do ensino propriamente dito, responsável pela existência duma máquina organizativa na posse de entidades cujo poder e sobrevivência depende da forma como gerem essa mesma máquina. No segundo caso a perspectiva é pertença de cidadãos individualmente considerados, grupos sociais e familiares, dependente de formas de estar que lentamente se alteram com o local e o decurso do tempo e dos tempos em que se vive. Em ambas as perspectivas, o confronto de cidadãos, corporações, empresários, profissionais organizados em escolas, sindicatos, universidades, partidos políticos e ministérios, governos, organizações internacionais, professores, pedagogias, movimentos pedagógicos ou profissionais, estratégias educativas… Em último lugar o sujeito passivo do acto de ensino e educação, a criança, o jovem, o aluno, o aculturado.
A educação e o processo educativo asseguram a sobrevivência do ser humano enquanto ser social, habilitam-no ao conhecimento dos meios e instrumentos de interacção com os outros, contribuem para a sua compreensão do mundo e ambiente que o envolve. A educação, no fundo, constitui-se como a herança num testamento, em que o testador, ainda em vida e reservando o usufruto para si, pretensamente preocupado com o destino daqueles a quem deixa o respectivo património, procura fundamentalmente assegurar-se do respeito pela sua memória e convicções, pela continuação da sua maneira de encarar a vida, a sua obra, os outros e o mundo. Os conhecimentos adquiridos e a experiência vivida por cada geração são quase sempre passados de modo mais ou menos fiel, condicionando e sendo condicionado pela vivência dos vindouros, armadilhando o destino e caminho dos que se sucedem no tempo. É por isso que se torna impossível dissociar a educação de outras disciplinas, de outras ciências, da moral, da religião, do poder político.
Foi Émile Durkheim (1858-1917) um dos pais da sociologia moderna, quem referiu que a educação consiste numa socialização metódica da nova geração pelas gerações adultas tendo por objectivo a realização dum certo ideal de homem. Em boa verdade e visto de forma simplista, esta é uma das definições possíveis. Há todo um património de saberes que carece de ser apreendido, preservado e mantido pelas gerações que se sucedem no tempo. A passagem desses saberes resulta duma necessidade também instintiva, igual à que ocorre noutros seres vivos. É todo um processo de aprendizagem ditado por razões de natureza instintiva, todavia adulterado em muitos casos, pela incorporação de interesses puramente egoístas de classe, interesses que em cada momento variam com a realidade sócio-cultural de cada país e de cada época. Não existe neutralidade ou independência, a educação e o ensino tem sempre subjacente uma intencionalidade, uma busca de transformação do outro em função dos valores e dos interesses de quem detém o poder de determinar a informação a transmitir. Terá de existir também e sempre planos distintos entre quem ensina e quem aprende, uma desigualdade na relação entre quem passa o testemunho e quem o recebe. A educação processa-se e tem-se processado de diferentes modos, de acordo com a época, a organização do grupo em que o indivíduo se insere, os instrumentos existentes para o efeito. As rupturas no modo de execução ou de processamento da informação que se pretende transmitir ocorrem ao ritmo das técnicas que vão surgindo ou sendo inventadas. Longe vão os tempos em que o costume e a tradição eram transmitidas somente por via oral, os conhecimentos adquiridos exclusivamente pelo contacto pessoal entre indivíduos da mesma família, dos poderosos do clã ou da tribo, dos chefes religiosos que formatavam o modo de pensar, os valores a conduta e o comportamento perante os mais velhos, a atitude e subserviência perante o Deus ou os deuses. O aparecimento da escrita, dos livros e dos códigos constituiu um salto na forma de educar e de dar testemunho dos valores, comportamentos e património a preservar. A complexidade da organização da sociedade, a divisão dos saberes, o aparecimento das ciências, dividiu e fragilizou de alguma maneira o ser humano que não foi capaz ou não teve oportunidade de receber a informação necessária à compreensão do mundo envolvente em constante mudança.
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