A posse da informação e o conhecimento passou a ser sinónimo de poder. No moderno mundo ocidental saber ler faz parte da vida mas a familiaridade contemporânea com os livros e a leitura nada tem a ver com a Antiguidade. Na verdade a alfabetização de massas é um fenómeno moderno, com origem na Revolução Industrial, quando os estados se aperceberam das vantagens económicas a retirar da circunstância dos trabalhadores e da população em geral serem alfabetizados e possuírem uma educação básica. Na Antiguidade a posse do conhecimento da escrita apenas estava reservado a uma minoria que representava ou estava ao serviço de quem detinha o poder. Donde a facilidade da manutenção do poder e a lentidão de qualquer mudança de natureza social, a permanência dum inalterado “status quo” durante gerações. O poder de impor um arbítrio cultural era facilitado pela ignorância e hierarquização da sociedade, pela distância física e social entre governantes e governados, pela separação entre pessoas. Efectivamente quanto mais os valores, princípios e regras de pertença e exclusão, bens e conhecimentos, evidenciarem a diferença entre as pessoas, maior o fosso entre as classes sociais, entre quem detém a autoridade e quem a ela lhe está subordinado. A avaliação que sempre se faz relativamente a qualquer situação do domínio humano está subordinada a uma perspectiva individual que reflecte necessariamente a educação, instrução, informação, cultura e aculturação que se possui. Isso significa que qualquer juízo de valor que se faça relativamente a qualquer situação, dificilmente em momento algum é independente, neutro ou susceptível de conduzir a verdades eternas, à essência das coisas, sendo susceptível em momento futuro, mais ou menos próximo, de ser posto em causa ou substituído por outro juízo de valor diferente ou diametralmente oposto.
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