segunda-feira, março 19, 2007

Manhattan

Woody Allen com Diane Keaton

Este filme consagra uma estética directamente relacionada com o belo. É muito belo. Não é belo que a indecisão conduza ao distanciamento no campo do amor. Belo é o espaço de divagação onde se movem as personagens. Um caminho hilariante e ao mesmo tempo inteligente nas citações de Groucho Marx, Nietzsche ou Bergman à cabeça - a constante tentativa do realizador nos lembrar como o cinema era belo - porque nem sequer é esquecido outro tubarão - wim wenders. Mas não termina aqui o bom reportório de referências culturais - como sempre, excelente selecção de clássico jazz nova iorquino em todas aquelas humoradas geniais. São aqueles virtuosos do saxofone ou da viola, como o Miller ou o Django.
Numa das raras (mas brilhantes) composições dramáticas do seu historial de filmes, Woody Allen acaba por perder o amor em virtude de indefinições compulsivas que regem o seu espirito. No final do filme, quando já detém uma certeza, vê-se forçado a cumprir o destino. E aceita-o.
Esta derrota é desvalorizada, porque no final de contas, Woody sabe que entretanto fará mais filmes, e outros corações conquistará, porque o amor em Allen é como a maré, vai, vem e volta. O final lembra aqueles bolos asiáticos ao mesmo tempo salgados e doces, não sabemos se gostamos, mas comemos.
Um filme para rever porque o verdadeiro cinema mora aqui ao lado. Chama-se Manhattan.