quarta-feira, março 14, 2007

Dreamgirls

Dreamgirls

O melhor filme estreado em 2007. Não por qualquer razão de ordem concreta. É um hino do cinema. Excelentes interpretações (com voz), as Supreme estão ali naqueles mais de 180 minutos de filme. E com elas rejuvenescem aqueles clássicos do Soul : «Baby Love», «You can´t Hurry Love» e «Stop in the name of love». O filme é uma homenagem ao trio, com especial enfase para Diana Ross (atente-se no pormenor das unhas), e não pretende senão uma aproximação estreita com o Mundo da indústria discográfica, subentendemos todos, tratar-se da «Motown» - em tempos designada, a casa do Soul.-
O filme transporta-nos para um alinhamento psicadélico-semântico, onde impera o ambiente natural que se respirava na Detroit de 60.(Nem o guitarrista Marv Tarplin escapa).
As raparigas já tinham arregaçado as mangas em banquetes, bailes, e outros eventos, mas o concurso Emancipation daquele ano marcou a emancipação das Primetes. Valioso, muito valioso, são a primeira Girls Band (e logo portadoras de cor) no sócio-culturalismo do appartheid (brilhante a crispada referência a Luther King).
O facto é que as Supreme ainda não tinham tido êxitos de monta, ao contrário das Vandellas, assim como é verdade que estas últimas deixaram quase de repente de ser a prioridade da Motown.
O facto da realização tomado partido na especulação em torno da ligação sentimental de Diane com Berry Gordy e Brian Holland só enriquece o filme. Até mesmo naquele episódio em que Diane empurra Mary e lhe rouba o microfone quando esta convida Berry Gordy a juntar-se às raparigas é tão fácil de reproduzir. Aliás reproduzir aquilo que todos imaginaram sem que nunca lá tenham estado para ver. Não é isto que esperamos do cinema? O filme ofusca a representação de Eddie Murphy (ou ele ofusca-se a si próprio?). A melhor obra prima musical dos últimos anos.